Superação

06/04/2021 14:34

Desde criança sofri com meu acanhamento. Era um “bicho-do-mato” diante de qualquer estranho. Essa característica acentuou-se na adolescência. Meus pais mudaram de cidade por questões de trabalho e eu, acanhada e adolescendo, não conseguia lidar com todo aquele sofrimento.

Um menino, pouco mais velho que eu, que morava na casa em frente foi, então, meu melhor amigo e logo meu primeiro namorado e foi ele, apesar de toda minha resistência e vergonha da vida, de mim mesma, do meu corpo; quem me deflorou.

Cidade do interior, muitos sítios e fazendas, muitos cantos e recantos. Estávamos indo para escola e ele me avisou:

— Sua saia! Você sujou em algum lugar de vermelho.

Caí no chão aos prantos. É claro que eu sabia. Menstruei mais cedo. O que fazer? Socorro!

Ele já me dava uns beijinhos, me acariciava deliciosamente. Ele já era a minha redoma. Minha tábua de salvação contra todo meu severo acanhamento. Mas menstruação, mesmo com ele, era difícil superar.

— Vem comigo. Vamos sair da estrada. Assim ninguém vai te ver e como vou caminhar ao seu lado, nem mesmo eu vou lembrar disso.

Um pouco mais conformada quis voltar para casa e ele usou um caminho que nos levou para uma prainha à beira rio.

— Vamos nos banhar no rio?

— Hein? Como assim?

— Entramos com roupa e tudo, a mancha se dilui e nós podemos dizer que estávamos fugindo de um porco selvagem ou uma cobra.

Nem pensei. Entrei no rio. Tudo era melhor do que aquela mancha me condenando a ter vergonha de todos.

Logo estávamos brincando. O menino tinha esse condão de me divertir e conseguia me fazer esquecer de tudo.

— Melhor você tirar o vestido para olharmos se já podemos ir embora.

Eu não queria ir embora, mas ele tinha razão. Eu estava de sutiã, mas jamais deixaria ele me ver assim.

— Vire de costas!

Ele virou sem uma palavra se quer. Tirei o vestido e lá estava uma leve mancha. Chorei alto e ele além de se virar me abraçou me consolando. Um homem estava me abraçando e eu só usava calcinha e sutiã – socorro!

Ele fingiu não perceber meu embaraço, tomou meu vestido e foi esfregando fazendo a macha sumir e pendurou a roupa em um galho para secar. Se aproximou sem me olhar diretamente para não me constranger e me ordenou com voz e timbre firme.

— Agora me dá a calcinha para que eu lave.

Fiquei rígida, calada, trêmula e para piorar, tomada de uma ansiedade, de um êxtase desconhecido. Estava trêmula e diante da minha demora ele tirou o short para mostrar que seria natural e ninguém notaria.

Me peguei tentando ver sua nudez, mas a água estava barrenta. Ele pendurou seu short no ganho, estendeu a mão decidida e eu me vi – trêmula e agoniada – obedecendo sem olhar para lugar nenhum. Eu estava com os olhos firmemente fechados.

O tempo pareceu infinito até que ele estava me abraçando, acariciando e me acalmando. Mas que calma que nada. Um homem me acaricia e eu usando só um simples sutiã. Mas ele era meu namoradinho. Em quem mais confiar? Quem cuidaria tão bem de mim?

Sem pensar girei meu corpo e colei-me ao corpo dele e explodi num prazer intenso e inesperado ficando toda mole só por sentir o piru dele tentando encontrar aconchego entre nossos corpos. Por instinto abri as pernas e ele se alojou entre minhas coxas. Estava rígido, pulsante e acolhido por uma menina acanhada, em pânico – e hoje eu sei – experimentando seu primeiro e certa mente mais intenso orgasmo.

Perdida, mole, entregue naquele colo, sem saber o que fazer ou como reagir, busquei seus lábios e trocamos nosso melhor beijo e aquele negócio me incomodando, me fazendo ter reações inimagináveis me fez abraçar o menino com minhas pernas. Teria sido para fugir ou naturalmente me entregar a ele?

Até hoje não sei, mas ele, sozinho, achou seu caminho, se alojou parado, mas pulsante, num ponto que me incomodava e fazia todo meu corpo se contorcer e torcer por ele mais pra dentro.

Como num impulso ele pulou para dentro de mim. No susto me afastei muito pouco. Ele fugiu e eu encostei meu corpo ao do menino imediatamente e, deliciosamente, ele pulou novamente para dentro de mim e – com medo de perde-lo – eu fui, sem jeito, trêmula e agonizante, tragando-o para mim e logo o menino me ajudava na tarefa e eu, sem fôlego, gemia, arfava em busca de ar, gemia e mordia meu namoradinho sem dó.

Logo ele estava endiabrado e eu voltava e mais uma vez voltava a explodir de um prazer único, maravilhoso, arrebatador e tão diferente que nenhuma vergonha ou acanhamento cabia ali.

Meu sutiã escapou. Meus seios experimentaram seus lábios, sua língua, seus dentes. Suas mãos mantinham presas minhas nádegas auxiliando naquele frenético ritmo.

Um susto me trouxe de volta a razão. Meu namorado estancou. Estava calado, totalmente entranhado em mim, vermelho como se fosse acanhado como eu e em seguida estremeceu e meu prazer, sentindo algo indescritível no centro do meu corpo, explodiu com um prazer tão intenso que me larguei totalmente como em um desmaio.

A partir daquele instante minha vida mudou. Para os curiosos não, não fiquei com ele, mas anos depois nos casamos e ainda hoje somos felizes juntos.